Falta Fibra

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Desde 1143 que começámos a perder fibra.

Antigamente, sempre que nos tentavam invadir, conquistar, atacar, fosse o que fosse, nós lutávamos com paus e pedras e enchíamo-nos de coragem, enfrentávamos tudo e todos, sem pensar duas vezes. E isso nota-se hoje em dia. Se algum estrangeiro, seja conhecido ou não, falar mal de Portugal nós vamos aos arames, juntamo-nos, tratamos mal o país deles e revoltamo-nos numa onda de solidariedade ímpar. Mas aqui é que entra um paradoxo. Fazemos tudo e mais alguma coisa àqueles que não moram cá, que não implicam diretamente no nosso dia-a-dia, mas não somos capazes de nos revoltar contra quem manda (e mal!!!) no país. E isto não é um problema geracional. Tivemos reis que nos governaram mal, tivemos meio mundo e conseguimos perdê-lo, maior parte das decisões diplomáticas internacionais foram feitas de forma descabida, temos submarinos ‘encostados à box’, gastamos mais do que podemos, fazemos obras que ou não acabam ou derrapam. Nós pagamos, reclamamos, mas calamos.

Falta fibra, falta aprender com os espanhóis em 2011 na Porta do Sol, assim como os tumultos em Inglaterra ou os 10 dias de protestos na Bulgária, que fizeram cair o governo. A cada dia que passa perdemos mais direitos, dinheiro e quem nos rouba esses direitos, que tanto custaram a conquistar, são pessoas que não conhecem a realidade do país e das pessoas. Vamos aceitando, vamos aclamando as próximas eleições para mudar a cor do partido dominante e o disco roda, mas toca o mesmo, continuam os problemas e os cortes e o desânimo social como nunca antes visto. Na minha vida adulta sempre ouvi a palavra crise, sempre vivi e trabalhei com a palavra crise no meu dicionário pessoal, sou suspeito, mas depois de gerações à rasca, greves e manifestações continua tudo igual ou pior.

Já que importamos tanta coisa, vamos tentar importar fibra, coragem e determinação, porque a estratégia até agora adotada não está, claramente, a funcionar.

Jornalista Desportivo, ICote Content Manager & Communication Coordinator 

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Author: Jorge Correia

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