Carreiras no feminino: que desafios esperar?

 Por Júlia de Sousa

Muito se fala em igualdade de género, mas será que na hora “H” homens e mulheres enfrentam os mesmos desafios?! Na verdade não. Construir carreiras no feminino ainda acarreta algumas dificuldades.

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Falar de carreiras no feminino pode parecer um tema sem muito para dizer, mas uma análise mais atenta pode facilmente revelar o contrário.

Na base deste texto está o – tão comentado e agraciado – discurso da atriz Emma Watson na Organização das Nações Unidas (ONU). Recentemente nomeada Embaixadora da Boa Vontade da ONU, a jovem falou sobre a igualdade de género e da afirmação das mulheres, como forma de lançar a campanha #HeForShe (Ele por Ela – a última grande tendência nas redes sociais).

Emma Watson dizia (entre outras coisas) que enquanto mulher tem o direito que lhe paguem o mesmo tanto que aos colegas de trabalho do sexo masculino; que as mulheres estejam envolvidas nas decisões e políticas dos seus países e que sejam tão respeitadas quanto os homens.

Dizendo que se considerava feminista, o discurso chamou a atenção para as diferenças entre homens e mulheres nas sociedades atuais. Quando falamos em desigualdades de género, tendencialmente pensamos em culturas fechadas onde o papel da mulher está confinado às quatro paredes da casa onde habita. Falamos de mulheres que não têm a opção de estudar ou de decidirem o rumo que querem dar às suas vidas.

Mas as desigualdades estendem-se além destas culturas e estão também muito presentes nas chamadas sociedades mais desenvolvidas, ainda que sob diferentes configurações. A mudança reside na alteração de mentalidades e eliminação de preconceitos que possibilitem uma alteração no panorama das carreiras no feminino.

Evolução: uma questão de mentalidades

Será que falar de carreiras no feminino é sinónimo de igualdade? Será que em pleno século XXI homens e mulheres estão em “pé de igualdade” na construção de uma carreira profissional? Muitos dirão que sim, mas na verdade, as diferenças ainda estão bem presentes. Não acredita?! Então dedique algum tempo a analisar as “filosofias” das empresas em relação à maternidade ou as distinções em termos salariais.

De facto, basta pesquisar notícias recentes para facilmente dar de caras com notícias que davam conta de empresas, em Portugal, que exigiam que as mulheres a assinassem uma declaração, na qual se comprometiam a não engravidar, num período de cinco anos. Não chega?! Há ainda os casos (mais abafados) de casos em que apesar de se falar de cargos e funções equivalentes, homens e mulheres auferem remunerações diferentes. Justo?! Certamente que não. Na base da justificação surgem muitas vezes razões como: a possibilidade de se ausentarem por extensos períodos de tempos por motivos (lá está!) de gravidez, ou por terem menos disponibilidade devido a assuntos relacionados com os filhos… enfim, na grande maioria dos casos, a maternidade parece ser um problema para as empresas o que acaba por dificultar a evolução em termos profissionais para as mulheres.

Sem querer cair num registo demasiadamente feminista, a questão que se impõe aqui é se em pleno século XXI ainda se justifica este tipo de distinção?

Carreiras no feminino: uma questão de competências

O grande desafio para a sociedade e, essencialmente, para as empresas passa por reescreverem as suas filosofias e mudarem o paradigma das carreiras no feminino.

Longe vai o tempo em que as únicas funções reservadas às mulheres no seio empresarial se resumiam a secretárias ou telefonistas, por exemplo. Mas os tempos mudaram, as sociedades evoluíram e as mulheres passaram a ser uma parte ativa da vida laboral.

Este é o panorama atual: homens e mulheres são profissionais com os mesmos níveis de formação académica, experiências profissionais equivalentes, etc.

Definir cargos ou salários não deve ser uma questão de género, mas de competências. Homens ou Mulheres, em causa deve estar o perfil profissional de cada indivíduo.

Para que construir carreiras no feminino deixe de ser “assunto” é necessário que se eliminem as “barreiras invisíveis”. Como dizia Emma Watson, no seu discurso, para fazer a diferença é necessário “mobilizar tantos homens e rapazes quanto possível para a mudança. Não queremos só falar sobre isso. Queremos tentar e ter certeza que é atingível”.

 

Artigo produzido da parceria entre os projetos ICote e E-Konomista.

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Author: Jorge Correia

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