“Trabalhar para” vs “trabalhar com”: que implicações?!

A questão parece-lhe irrelevante?! Se dedicar alguns minutos a analisar as diferenças talvez mude de ideias.

Por Júlia Sousa

“Trabalhar para” ou “trabalhar com”. À primeira vista, muitos pensarão que o título deste artigo não faz muito sentido. Mas não se iluda.

Em boa verdade, a diferença assenta em duas pequenas preposições. Mas basta olhar com atenção para perceber que entre uma e outra repousam sentidos e realidades muito distintas e que têm uma forte influência no seu desempenho profissional. Não acredita?! Então veja.

Uma questão de português

“Trabalhar para” ou “trabalhar com” são duas expressões tudo menos semelhantes. De facto, em contexto laboral podem ser uma boa forma de definir o seu ambiente de trabalho, nomeadamente, para perceber que tipo de atitude vigora no seu local de trabalho.

Certo, pode dizer-se que ambas estão corretas e são tidas como positivas e, em muitos casos, é de facto assim. Mas não todos. Embora possa dizer que trabalha para a empresa “X” e exerce funções com “fulano de tal”; na grande maioria dos casos, o significado atribuído é mais profundo e/ou até emocional.

Ou seja, para muitos a diferença será mais “básica” e os significados vão estabelecer o tipo de hierarquia vigente. Trocado por miúdos, quando se fala da diferença entre “trabalhar para” ou “trabalhar com”, fala-se da “eterna distinção” entre chefias e liderança, entre trabalho subordinado ou trabalho de equipa.

“Trabalhar para” ou “trabalhar com”… eis a questão!

Numa altura em que o mercado de trabalho enfrenta uma fase negra e em que os salários e as condições laborais estão longe de serem as melhores a diferença entre “trabalhar para” ou “trabalhar com” acentua-se ainda mais.

Ainda que a distinção possa ser considerada puramente mental, a realidade facilmente comprova que ambas as expressões têm diferentes impactos no seu desempenho profissional, principalmente em termos de produtividade e motivação.

Questões como o sentimento de integração, a dedicação à empresa para a qual trabalha ou ao projeto a que está ligado podem ser fortemente influenciadas consoante se fale em “trabalhar para” ou “trabalhar com” ou acredite lidar com um chefe ou com um líder.

Em suma, tudo se resume a “vestir (ou não) a camisola”. Aqueles que “trabalham com” acabam por se entregar aos projetos, em muito porque os sentem como sendo algo seu, algo em que acreditam; muito também se deverá ao trabalho de quem coordena ou lidera a equipa, envolve a equipa no processo de decisão e promove atitudes positivas no ambiente de trabalho. Para estes, o seu sucesso pessoal é o sucesso da empresa onde trabalham ou do projeto em que estão envolvidos.

Pelo contrário, quem “trabalha para”, encontra-se num ambiente em que as decisões estarão centralizadas numa única pessoa o que pode gerar um sentimento de obrigação. O trabalho não é mais, senão um período de tempo que estão obrigados a cumprir em troca de um salário.

Uma e outra terão certamente vantagens e desvantagens. Qual delas a melhor?! As opiniões podem dividir-se. Mas há uma diferença clara: a atitude.

 “Trabalhar para” ou “trabalhar com” a escolha é sua

Muito se fala em motivação e níveis de produtividade. E mais ainda se tenta “culpabilizar” a entidade empregadora, a mentalidade vigente na instituição ou as más chefias. Pegando nos dois conceitos em que se baseia este texto, a grande maioria dos profissionais dirá que “trabalha para”. E isso corresponderá à mais pura das verdades. De facto, o contexto atual acaba por promover certos tipos de comportamentos “abusivos” das empresas para com os candidatos. Mas serão apenas as empresas os responsáveis?!

NÃO!!!! Sim, leu bem. A resposta é não. Os grandes culpados são os profissionais que aceitam e se coadunam com esses comportamentos, por acreditarem que “não têm outra escolha possível”. Mas as escolhas estão lá, ao seu dispor. Basta que esteja disposto encara-las de frente.

Entre “trabalhar para” ou “trabalhar com” a escolha é sua. E essa é a grande resposta ao dilema. Ou melhor, escolher entre uma e outra depende se é ou não uma pessoa comodista. Quem anseia “trabalhar com” deseja mais que um salário no final do mês. Quer ter possibilidades de progressão profissional, de evolução em termos de responsabilidades e até de competências. Se é o seu caso, comece já a trabalhar nesse sentido.

 Artigo produzido da parceria entre os projetos ICote e E-Konomista.

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Author: Jorge Correia

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