Experiências – Vanessa Querido
Vanessa Querido
Frankfurt, Alemanha
1. Fala-nos um pouco da tua carreira e desde quando estás emigrada.
A minha saída de Portugal, não foi pela minha carreira mas sim pela do meu marido, a empresa onde ele trabalhava fechou, ele enviou vários CV em Portugal, sem sucesso, penso que a idade, na altura já com mais de 35 anos, era um impedimento.
Nunca enviámos nada para o Estrangeiro porque essa nunca foi a nossa ideia, até que passado 1 mês de ele estar desempregado, um amigo liga a dizer que precisavam de um Engenheiro Mecânico numa marca de automóveis na Alemanha, se ele estava interessado. Devidas as condições e a pensar num futuro melhor para a nossa filha aceitámos, e cá estamos desde Junho de 2011.
2. Quais os aspectos positivos e os maiores desafios encontrados?
O maior desafio encontrado foi sem dúvida a língua nenhum dos dois falava alemão, o meu marido na empresa apenas precisa do Inglês, apesar de praticamente toda a gente falar qualquer coisa de Inglês, há certas alturas que faz falta conseguirmos falar a língua deles.
A licença de maternidade é 3 anos, logo é muito difícil encontrar infantário antes dos 3 anos, porque há muito poucas instituições que o façam, e como é de esperar estão lotadas.
Uma das grandes dificuldades por que passámos foi o estar distante da família e amigos, do sol, do mar, mas vai-se “matando” com algumas visitas a Portugal.
Os aspectos positivos são o conhecer e viver um nova cultura, apesar de ser um País com imensos estrangeiros, é civilizado e as pessoas respeitam as regras e os outros.
A qualidade de vida é muito superior à de Portugal, porque os ordenados são 4 vezes mais, apesar de se descontar imenso para o estado, seguro de saúde etc… mas isso também nos dá vantagens, porque podemos ir a qualquer médico sem pagar absolutamente nada.
Para quem tem filhos além de se receber um abono agradável, 184 euros até completarem 21 anos, ainda tem direito, tal como nós a médico gratuito, mas também a medicamentos gratuitos.
As auto estradas também são gratuitas.
Os alimentos no supermercado são generalizadamente ao mesmo preço de Portugal e encontrarmos marcas iguais com preços ainda mais baratos.
As lojas de franchising, tais como Zara, H&M, Mango, Benettton etc… têm exactamente os mesmos preços que em Portugal, o que parece absurdo quando aqui o salário médio é cerca de 3.330 euros.
Os empregadores valorizam mais os empregados, estes recebem benefícios de acordo com os seus resultados , pelo menos nas empresas que são do meu conhecimento.
Contrariamente ao que ouvimos toda a vida que os alemães são pessoas fechadas e frias, nunca vivenciei nada parecido com isso, sempre foram simpáticos e hospitaleiros. Também nunca temos a certeza se são alemães , visto que, como já disse, existem imensos estrangeiros e muitos nasceram cá mas as suas raízes são de outro País.
O clima varia imenso, Verão mesmo tal como nós o conhecemos, só em Julho e Agosto. No primeiro inverno que passámos cá apenas tivemos duas semanas de frio intenso e neve, e choveu muito pouco, cheguei a achar (tirando o sol) que este País tinha melhor clima que Portugal. Este ano foi deprimente, quase 5 meses de neve e frio, sol nem vê-lo, foi o inverno mais escuro na Alemanha dos últimos 43 anos. Por isso não vale a pena tentar adivinhar o clima, porque cada ano é uma surpresa , mas neve podemos contar sempre com ela.
3. Qual o conselho que dás aos seguidores do ICote?
Se pretendem vir para a Alemanha, tentem aprender o básico da língua assim a adaptação não será tão difícil.
É bom ter alguém que fale alemão para vos ajudar nos procedimentos legais de registo, e no aluguer de casa. Normalmente os RH das empresas ajudam, mas tudo depende da Empresa.
O que eu posso dizer é que viver aqui, primeiro estranha-se e depois entranha-se. Claro que a nossa vida é feita sempre na esperança que Portugal melhore para podermos voltar, mas enquanto isso…
13/04/2013