Regina Pinto – Advogada – Dili

Regina Pinto tem 26 anos, formou-se na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e é advogada. Natural de Viseu, vive em Lisboa. Tem uma bagagem cultural invejável, tendo estado em Espanha, França, Itália, Eslovénia, Croácia, Áustria, Alemanha, Liechtenstein, Brasil, Guiné-Bissau, Timor-Leste, Laos, Indonésia, Vietname, Cambodja e Malásia. Esteve em Dili, onde trabalhou e viveu até há pouco tempo. Agora voltou a Portugal, mas o sonho não passa por terras lusas. Com toda a simpatia e disponibilidade, a Regina conversou connosco e mostrou a sua experiência lá fora.
Como surgiu a oportunidade de ir viver e trabalhar em Dili?
Através do Inov Contacto c16.
Apesar de terem ligações ancestrais, quais são, para ti, as principais diferenças entre Portugal e Timor?
O “modus vivendi”, a cultura, o clima, a língua e a educação.
A adaptação correu bem? Do que sentiste mais falta?
Sim, senti a falta de poder ir a teatros, exposições e museus porém, Timor tal como os países circundantes têm outras coisas igualmente benéficas e bonitas para nos oferecer.
O teu quotidiano e maneira de viver alterou-se, de alguma forma, depois de teres estado em Dili?
Timor tornou-me uma pessoa muito mais tolerante, aumentou a minha inteligência emocional e fez-me ver um mundo muito maior do que aquele que eu imaginava, que vai para além dos contornos geográficos. Sou menos precipitada nas avaliações que faço e aprendi a dar ainda mais valor às maravilhas mais comuns, como ver por exemplo o pôr do sol, acho que me tornou uma pessoa melhor!
Como é o mercado de trabalho em Timor?
O mercado de trabalho em Timor está claramente em crescimento, diria mais efervescência económica. A presença de entidades internacionais veio ajudar muito o crescimento de muitos sectores, houve uma aprendizagem e dinamização de recursos, por exemplo os funcionários timorenses estão muito melhor preparados para o mercado de trabalho após a saída da Missão das Nações Unidas. Visto que Timor é um país novo, tudo está a brotar, florescer e crescer neste momento, é um país onde vale definitivamente a pena apostar.
Tens algumas histórias mais caricatas que nos possas contar?
Timor é um país cheio de verdadeiras pérolas humorísticas! A boa disposição acompanha-nos desde que nos levantamos, quando vemos as microletes (pequenos autocarros locais) com nomes como “amo-te Cristiano Ronaldo” ou “se queres andar rapidu akorda cedu!”, os serviços que fecham 45m antes de terminar a hora do expediente, quando pedimos algo num café ou restaurante e dizem “tem, mas não há!” até quando partimos, quando vemos a ternura dos mesmos que nos acenam sem nos conhecerem de longe no aeroporto sempre que saímos ou entramos no avião.
Como vês a situação atual de Portugal?
Vejo uma conjectura muito escura e complexa para todos os cidadãos, principalmente para os mais novos. Infelizmente, penso
que a camada jovem deverá ver a opção emigrar como uma hipótese a considerar. Temos de ter em consideração que não estamos a falar da antiga emigração “a salto” felizmente, vivemos no séc. XXI, época da globalização, é uma emigração onde a saudade é mitigada pelo “amor” das novas tecnologias e das companhias aéreas low cost que nos aproximam muito, somos cidadãos do mundo.
Gostavas de ir viver/trabalhar para onde?
Moçambique.
Construir uma escola em África.
Quais os conselhos que deixas a quem queira emigrar para Timor ou outro país?
Mente aberta, muita humildade e muito repelente de mosquito e de estigmas!
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Regina já escreveu para o P3. Artigo aqui.
Entrevista conduzida por Jorge Correia