Estás pronto para trabalhar?

Rute banner

Há tempos escrevi sobre novas tendências de recrutamento em redes sociais na sequência de um estudo divulgado pela Jobvite.

Achei interessante que no meio das imensas estatísticas focadas em redes sociais, há um número que esconde uma dura realidade:

52% dos recrutadores prefere contratar passive job seekers como forma de competir pelo talento.

Como se já não bastasse ter de competir com milhares de outros desempregados, agora os recrutadores preferem contratar pessoas que nem sequer estão à procura de emprego.

O que é o mesmo que dizer que o rótulo “desempregado” automaticamente diminui o valor-mercado ao tornar os candidatos menos atractivos e diminui-lhes o poder de negociação.

Isto é uma realidade dura, especialmente para os desempregados de longa duração (mais de 6 meses). Infelizmente, quanto mais tempo se passa no desemprego, mais difícil é encontrar trabalho.

Parece injusto que as empresas prefiram contratar alguém que está sobrecarregado de trabalho, esgotado, sujeito a pressões diárias como bem sabemos que é o caso da maioria da população activa.

Não seria lógico que a preferência recaísse sobre profissionais qualificados e que estão activamente à procura de emprego?

Debatia-me com esta questão quando encontrei este vídeo de uma pessoa que trabalha com desempregados da geração dos meus pais (baby boomers), muitos deles de longa duração. Tem pouco mais de 20 views, o que é uma pena porque responde bem à questão.

“Because they aren’t work-ready”.

A resposta está na palavra activamente. Estar à procura de emprego na maioria dos casos não significa estar activo, muito menos pronto para trabalhar. Isto porque a maioria das pessoas fica em casa a responder a anúncios.

Já entrevistei dezenas de pessoas que ao fim de poucos minutos intuitivamente já sabia que era um não. Tinham as competências no papel mas algo não inspirava confiança. Não estavam prontas para trabalhar. Era um problema de atitude.

Quanto mais tempo passa pior é, pois o desânimo instala-se e os níveis de auto-confiança vão baixando.  É preciso manter a esperança.

E é preciso nunca deixarmos de trabalhar.

Nunca deixarmos de seguir a nossa indústria, nunca perdermos o contacto com pessoas do nosso meio profissional, nunca deixarmos de produzir.

Quando vim para o Dubai estive 8 meses à procura de emprego e em processos de recrutamento. Nesses 8 meses comecei a escrever um livro, fiz 10 cursos online, criei o Licenciado. E Agora?, li uma dezena de livros, comprei revistas de negócio para estar a par do mercado aqui no Médio Oriente, fiz inúmeros trabalhos como freelancer e conheci pessoas espectaculares.

Mais do que isso, aproveitei esta pausa (forçada mas merecida) para reavaliar as minhas opções de carreira e redirecionar-me para os meus objectivos de médio prazo.

Foi fácil? Não, foi das coisas mais difíceis que fiz na vida.

Mas quando encontrei uma oportunidade que ia ao encontro do que queria para mim, fui e agarrei. Porque estava pronta para trabalhar. O gap de 8 meses no meu CV não foi motivo para uma única questão sequer.

Dick Bolles diz que “a maioria das pessoas que procuram emprego falham em encontrar o seu trabalho de sonho não por não conhecerem o mercado mas por não se conhecerem a si próprias”.

Estás pronto para trabalhar?

Rute Silva Brito

Marketing Strategist, Writer & Entrepreneur

Também escreve em rutesilvabrito.com

Comentários

Author: admin

Share This Post On