Hoje, acordei um ano mais velha.
Não sou daquelas pessoas que ficam deprimidas por fazer anos. Também não fico particularmente excitada com um aniversário, é simplesmente uma boa desculpa para ter a família reunida e às vezes fazer algo divertido com os amigos mais chegados.
Talvez por este ano estar longe de ambos, o meu estado de espírito presente é algo taciturno.
Hoje, não vos trago nenhuma mensagem. Apenas um reflexão espontânea na esperança que o gesto de traçar a caneta sobre papel me traga alguma clareza de espírito à medida que as palavras vão dando forma a frases, e as frases a parágrafos.
Tem-me vindo à memória um capítulo do Linchpin que há tempos li e que na altura me deixou a pensar. Mas apenas por momentos pois, como todas as coisas que nos fazem encarar os nossos defeitos e falhas pessoais, não foi preciso muito para me distrair com meras trivialidades.
O texto era sobre nostalgia. Não a real nostalgia que nos faz recordar memórias de um tempo que já passou, mas uma nostalgia talvez mais perigosa: a nostalgia do futuro.
A nostalgia do futuro é aquele sentimento de apego a um desfecho que ainda não aconteceu mas que já imaginámos, o qual nos pode trazer desilusões. Por outro lado, pensar demais no futuro pode trazer uma ansiedade que nos deixa paralisados no presente – o momento no qual importa agir.
Capacidade de visão.
Aquela que é uma das minhas melhores virtudes, qual pau de dois bicos, é simultaneamente um dos meus maiores defeitos. A minha propensão natural para sonhar alto, visualizar o futuro e executar essa visão estratégica é inerente à minha personalidade e tem-me acompanhado sempre, mesmo em fases mais hedonistas.
Para mim, olhar para o futuro na medida certa requer um equilíbrio mental digno de um trapezista, e tropeçar é cair no erro de não viver o presente à espera de futuro que nunca chega.
- S. Lewis escreveu sobre como o futuro se pode tornar uma prisão para o Homem, “uma raça inteira perpetuamente em busca do final do arco-íris, nunca honesta, nem amável ou feliz agora, mas usando sempre como mero combustível para regar o altar do futuro, toda e qualquer dádiva real que lhe é oferecida no Presente”
A minha vida até aqui sempre foi abençoada com abundância de escolhas. Por muitas opções de futuro. Mas nunca antes estive ante uma encruzilhada de tantos caminhos possíveis como hoje.
28 anos.
Para onde voaram os meus 20 e poucos?
Menos de 2 para chegar à lista dos 30 under 30 da Forbes.
Carreira ou maternidade?
Malas feitas outra vez, de partida para mais outro continente.
Vários caminhos possíveis mas com a convicção que em meio à incerteza afinal só há um caminho. O que já foi escolhido para mim por Aquele não está limitado por essa coisa mundana que são as leis do tempo e do espaço.
Hoje, vou rejeitar a taciturnidade e abraçar um espírito de gratidão, quer pelas bençãos do passado, quer pelas portas que se estão a abrir no futuro.
“Never, in peace or war, commit your virtue or your happiness to the future.” – C. S. Lewis
Rute Silva Brito
Marketing Strategist, Writer & Entrepreneur
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