Como Procurar Emprego no Dubai

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Antes de começares a procurar emprego no Dubai, considera por favor as questões referidas neste artigo.

Nesta crónica vais encontrar conselhos e links úteis para procurar emprego, incluindo aquelas coisas que nunca te dizem e que certamente não verás em sites “oficiais”.

Convém reforçar que este texto é mais virado para o mercado empresarial e não para profissões técnicas ou altamente especializadas.

Job Hunting no Dubai pode ser um processo longo e bastante frustrante.

Não é de todo incomum que, mesmo estando cá, se demore mais de 6 meses a encontrar trabalho. O recrutamento é muito lento, especialmente se for alguém do exterior. E mesmo depois de selecionado o candidato, há imensas burocracias por cumprir antes de teres um visto de trabalho no passaporte.

Quanto mais consciente estiveres das especificidades deste mercado, maiores são as tuas hipóteses de sucesso e não desanimas tão facilmente quando parece que nada acontece.

Aqui ficam os passos que considero essenciais.

 

1. Percebe quem é a tua concorrência e como te deves posicionar.

A sociedade no Dubai ainda é um pouco estratificada e a tua nacionalidade pode influenciar bastante o tipo de cargos a que tens acesso, o teu salário e a forma como a tua experiência é vista.

Não há leis contra a discriminação no mercado de trabalho e chega-se a ver anúncios que dizem mesmo “Philipino only” ou “Male position”. Outros não são explícitos mas é possível ler nas entrelinhas. Por exemplo, se a posição envolve viagens à Arábia Saudita, nem vale a pena uma mulher candidatar-se.

Perceber esta dinâmica é fundamental para não perderes tempo e motivação com vagas impossíveis e, ao mesmo tempo, saberes quem está a concorrer às mesmas que tu para te diferenciares.

Por norma, as posições entry-level (como executive ou assistant) pagam muito pouco e são preenchidas por nacionalidades que são vistas como mão-de-obra barata (da Ásia Menor). Mesmo que estejas disposto a concorrer, raramente és chamado para entrevista porque “Europeu” significa caro.

Outro factor contra ti é que as equipas são maioritariamente compostas por expatriados portanto quando abrem uma posição destas tendem a preferir alguém que fale árabe para colmatar essa falha na equipa (é o caso de vários estágios).

Cargos mais junior como coordinator ou assistant manager são mais acessíveis e melhor remunerados mas tens de colmatar bem a falta de experiência na Região, compensando com outros skills. Demonstrar que tens o perfil ideal para a função e que já atingiste resultados palpáveis, mesmo que noutros mercados.

Em Portugal ser novo é uma vantagem para ser manager, desde que se tenha 3 ou 4 anos de experiência demonstrada. No Dubai, cargos de management tendem a ser preenchidos por profissionais mais experientes e com vários anos na indústria em questão (transferable skills é um conceito desconhecido).

Além disso, o Dubai é um destino de trabalho atractivo e por isso estás a concorrer com excelentes profissionais vindos do mundo inteiro. Cargos de manager para cima tendem a dar preferência a profissionais “western educated” e ser europeu é uma vantagem. No entanto, para certos cargos preferem universidades conceituas internacionalmente e pessoas nativas em inglês.

No caso da pessoa que está a recrutar ser indiana, regra geral irão preferir um manager indiano. Não quer dizer que seja uma questão de discriminação declarada, é mesmo cultural: uma crença pessoal de que os indianos são bons profissionais.

 

2. Faz uma lista dos teus targets

Estou num grupo de facebook chamado Go Galt: empregos no Dubai e Médio Oriente e 50% dos posts são algo do género: “Sou licenciado em Design. Conhecem agências para me candidatar”?

A taxa de resposta a estes post é quase nula. Não porque as pessoas não queiram ajudar, simplesmente não querem trabalhar pelos outros. A maioria dá a entender que nem uma pesquisa no Google fez. E garanto que quando as perguntas são específicas e se percebe que o trabalho de casa foi feito, a taxa de resposta aumenta bastante.

Começa por fazer uma lista de empresas para as quais gostarias de trabalhar. Uma curta pesquisa no Google permite-te encontrar várias empresas, muitas das quais recebem candidaturas online nos seus próprios sites.

Para perceberes o contexto, vou explicar mais ou menos como funciona o tecido empresarial no Dubai. Para operar no Dubai, é necessário ter um sócio Árabe que detenha 51% da empresa, o que faz com que a maioria das marcas internacionais esteja localizada numa free zone ou seja comercializada através de uma joint-venture ou distribuidor local.

Isto significa que se quiseres trabalhar marcas como Starbucks, H&M ou Topshop, provavelmente o teu empregador será um grupo local, neste caso o Alshaya. Pesquisa pelo nome da marca, no site procura pela secção “about us” ou uma referência a um nome local para identificares o grupo. Depois é uma questão de ires ao site do grupo e consultares as páginas de recrutamento.

Provavelmente todos as empresas grandes que conheces estão aqui presentes de um ou outro modo, portanto adiciona-os à tua lista. Depois vai ao Linkedin e começa a seguir a segui-las. Cria alertas no Google News para ficares a par das últimas notícias.

Uma boa forma de te informares sobre o mercado local e ires conhecendo empresas daqui é leres revistas de negócios como a Gulf Business ou a Forbes Middle East.

 

3. Pesquisa em portais de emprego

A taxa de sucesso dos meios tradicionais de job hunting (resposta a anúncio de emprego) é a tristeza que se sabe mas faz parte. Além disso, consultares sites de emprego também é útil para teres noção do que o mercado pede. Quais as qualificações e os skills que têm procura, o nível de experiência exigido, que empresas estão a contratar, etc.

Alguns sites onde te podes registar, criar alertas e pesquisar anúncios de emprego no Médio Oriente são o Gulftalent.com, o Bayt.com, o Monstergulf.com, o Dubizzle (site de classificados) e, obviamente, o LinkedIn.

 

4. Aborda empresas de recrutamento

Vê agências de recrutamento e pesquisa também por headhunters para abordares directamente.

Algumas empresas de recrutamento são a Hays, Morgan McKinley, Apple Search and Selection, Kingston Stanley, Headway Recruitment, entre outras que podes facilmente encontrar no Google.

Segue estas agências no LinkedIn pois algumas delas não anunciam lá directamente mas publicam ofertas de emprego com links para outras plataformas como o Bullhorn Reach.

Outra forma de utilizar o LinkedIn é pesquisar por recrutadores que trabalhem nessas agências ou outros head hunters aqui na Região e segui-los no twitter.

Se já estás no Dubai podes abordá-los e tentar agendar uma reunião ou enviar o teu CV. Mas antes de o fazeres, tem em consideração que o tempo deles é limitado e avalia primeiro o tipo de candidatos que recrutam pois se não estás no mesmo nível de experiência estás a desperdiçar um contacto.

Descobre mais sobre como abordar pessoas numa perspectiva de networking aqui.

 

5. Adapta o teu CV ao mercado e à empresa / vaga

Todas as semanas recebo no mínimo um email a perguntar como se faz um CV para o Dubai. Não há forma simples de responder porque não existe nenhum template oficial, ou seja, não há a papinha toda feita. E ainda bem, porque os melhores CVs não são standard.

Sendo o Dubai um mercado em crescimento, e não um mercado avançado como muitas pessoas pensam, é melhor ignorar aquilo que se faz localmente porque é mau. Um CV standard aqui tem um design horroroso, tem foto, tem dados pessoais e 6 páginas.

Para pessoas que sempre trabalharam aqui ou noutros mercados em desenvolvimento até pode passar… Mas se encontras um gestor de recursos humanos ou hiring manager mais experiente, não joga a teu favor.

Por isso, o melhor é regeres-te pelas melhores práticas internacionais e o que enumerei aqui aplica-se também ao Dubai.

CV Europass NUNCA. Se tiveres que usar um modelo de CV já feito, usa o britânico.

Nalguns aspectos, o Dubai pode ser uma feira de vaidades. Não embelezes o CV ao ponto de distorcer a realidade mas também não sejas humilde. Enfatiza os resultados atingidos e se ganhaste algum prémio ou foste reconhecido publicamente, destaca no CV.

 

6. Contacta portugueses que estejam cá a trabalhar na mesma área

O pormenor importante aqui é “na mesma área”. Por mais que eu queira ajudar uma enfermeira a vir para o Dubai, não faço puto como é que a área da saúde funciona.

Onde encontras estas pessoas? No LinkedIn.

Ou em Grupos no Facebook como o GoGalt. Mas não te esqueças que o facebook é uma plataforma mais pessoal e não deves adicionar uma pessoa que não conheces sem qualquer tipo de contacto prévio.

Os portugueses que vivem no estrangeiro estão sempre dispostos a ajudar outros tugas mas, como expliquei atrás, ninguém tem vontade de ajudar preguiçosos.

Faz o teu trabalho de casa antes de abordares alguém. Respeita o tempo e a boa vontade das pessoas. Vai directo à questão, coloca dúvidas específicas e lembra-te de agradecer. Se não te responderem logo, não pressiones: estão-te a fazer um favor.

Com um bocadinho de bom senso, vais ver que as pessoas fazem muito mais do que o pedido e se for preciso ainda ganhas um amigo. No mínimo, ganhas um contacto precioso.

 

Para finalizar, cuidado com os scams.

Nunca transfiras dinheiro para “cobrir os custos do visto”, isso é uma responsabilidade da empresa. Confirma com uma pesquisa no Google e LinkedIn se a empresa existe mesmo, onde fica e se é legítima.

E se o salário parece bom demais para ser verdade, é porque provavelmente é mentira.

Para continuares a explorar questões de salários e a vida de expatriado no Dubai no geral, consulta este site.

Good luck!

 

Rute Silva Brito

Marketing Strategist, Writer & Entrepreneur

Também escreve em rutesilvabrito.com

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Author: admin

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