Muitos acham que os médicos são imunes a qualquer doença e às vezes até se esquecem que são pessoas normais. Mas na realidade, ser médico significa estar constantemente exposto a stress, trabalhar muitas horas, ter um desgaste físico e psicológico intenso. E os médicos não são de ferro.
O burnout é um síndrome de esgotamento profissional, que afecta milhões de trabalhadores em todo o mundo, mas no topo das profissões afectadas estão os médicos. Estudos mostram que 46% dos médicos sofrem burnout em algum momento da sua carreira. Ocorre principalmente em profissionais submetidos a elevados níveis de stress e pressão no ambiente de trabalho.
A dedicação exagerada à atividade profissional é uma característica marcante do burnout, mas não a única. O desejo de ser o melhor e demonstrar sempre um alto grau de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de burnout mede a auto-estima pela capacidade de realização e sucesso profissional.
O burnout pode comprometer o trabalhador em três âmbitos: individual (físico, mental e social), organizacional (conflito com colegas e diminuição da qualidade/produtividade) e profissional (negligência, lentidão e impessoalidade com colegas e terceiros).
As médicas jovens e solteiras são as mais afectadas por esta perturbação e os sintomas mais comuns são: perda do entusiasmo, distanciamento emocional, exaustão, perda do sentimento de realização pessoal, sentimentos de cinismo.
Top 10 das especialidades mais afectadas pelo Burnout:
1º Medicina Intensiva
2º Medicina de emergência
3º Medicina Geral e Familiar
4º Medicina Interna
5º Cirurgia Geral
6º Infecciologia
7º Radiologia
8º Ginecologia e Obstetrícia
9 ºNeurologia
10º Urologia
As especialidades menos afectadas são Patologia Clínica, Psiquiatria e Dermatologia.
Os elevados índices de burnout entre médicos afetam indiretamente o funcionamento do sistema de saúde e pioram diretamente a qualidade do atendimento ao paciente.
As principais causas do burnout médico são:
– Impossibilidades burocráticas e económicas para prover o melhor atendimento aos pacientes;
– Excesso de horas de trabalho e redução do convívio social;
- Ganhos económicos abaixo do esperado.
Os médicos não são de ferro. Também é preciso tratarmos de nós. Compreender os nossos limites, partilhar problemas e valorizar o lado social da vida são fundamentos que devemos aplicar na prática diária. Cuidar de nós mesmos deve ser uma das prioridades para que possamos cuidar ainda melhor dos nossos pacientes.
Autora do blog Café, Canela & Chocolate | Facebook