Viagem ICote | Dias 27, 28 e 29: Camboja e a sua realidade

Emprego Ásia ICote João Cabral

Sexta-feira chegámos à Capital do Camboja, Phnom Penh. Chegámos a meio da tarde, sendo esta uma boa hora para se fazer check in no hotel, mas não para ir visitar monumentos, pois geralmente fecham às 17h. De qualquer forma, mal chegámos, fomos dar uma volta pela cidade para ficarmos a conhecer as ruas.

Já se sabe que o Sudeste Asiático não tem países muito ricos, mas o Camboja, na nossa perceção, parece ser o mais pobre dos países que visitámos até agora. OS monumentos que parecem Ser bastante opulentos contrastam com as dezenas de pessoas a pedir dinheiro nas ruas. Também se pode ver imenso lixo no chão, que provoca mau cheiro em toda a rua. Na nossa opinião, apesar de ser triste ver tanta pobreza, não conseguimos entender o porquê de o país estar tão mal.

Bem, depois de ficarmos mais familiarizados com a cidade, ou pelo menos com as redondezas do nosso hostel, lá fomos jantar e aproveitar um pouco os bares que a cidade oferece.

No dia seguinte, sábado, decidimos ir a alguns pontos importantes da cidade. O nosso dia começou com uma ida aos killing fields. Este local era um dos vários campos onde os prisioneiros do khmer vermelho eram levados para serem mortos. É um local bastante triste e que apesar de ter vários turistas, quase não se ouve som nenhum, pois é um local que apresenta a história recente do genocídio cometido pelo khmer vermelho. Ficámos a conhecer um pouco sobre Pol Pot, o líder do partido, e outros membros. Vimos por imagens as atrocidades cometidas e ouvimos relatos de pessoas que passaram por este período. Vimos ainda as valas comuns, onde os prisioneiros eram colocados depois de mortos, e ainda um museu com centenas de ossos e crânios das vítimas. Ficámos horrorizados, este sítio não se leva mesmo de ânimo leve. Depois fomos para a prisão, onde eram levados os presos do khmer vermelho para serem interrogados e torturados antes de serem levados para os killing fields. A prisão era uma antiga escola que foi aproveitada pelo partido para estes efeitos. Vimos centenas de fotografias das vítimas, as salas de tortura e os métodos de tortura. Apenas sete pessoas sobreviveram a esta prisão.

O Khmer vermelho acreditava que para atingirem uma sociedade ideal, a agricultura devia de ser o meio para sustentar um país. Então retiraram todas as pessoas das cidades e obrigaram-nas a ir para os campos para trabalhar na agricultura. Também mataram pessoas que tinham educação, ou até pessoas que usavam óculos (pois o uso de óculos era sinal de alfabetização), estes não traziam nada de bom à nova sociedade que estava a ser formada, de acordo com a perspetiva deles. A revolução trouxe consigo muitas mortes e o pior e que eram pessoas do Camboja a matarem pessoas do próprio país. Os que não morreram vítimas das torturas ou das execuções na prisão ou killing fields, foram mortos por passarem fome, pois as pessoas tinham de trabalhar 12 horas por dia apenas com uma refeição no corpo, que era um prato de arroz. Quem não trabalhava não podia comer. Ainda devido à falta de nutrição, muitas pessoas morriam de doenças que podiam ter cura se não estivessem mal alimentadas. Os hospitais foram abolidos, pois o khmer vermelho queria que a medicina e a ciência se baseassem em métodos relacionados com os saberes antigos e tradicionais. Deste modo, uma em cada cinco pessoas morreu durante o regime do khmer vermelho.

Nós já tínhamos andado a ler sobre esta parte da história do Camboja e apesar de irmos com uma certa noção do que nos esperava ao visitar estes sítios, estar lá foi completamente devastador.

Depois de tanta emoção, e para desanuviar, fomos dar uma volta pela cidade, sem destino, só mesmo para ver. Mais tarde fomos jantar e descansar para o dia seguinte.

No domingo, acordámos um pouco tarde, mas fomos visitar alguns monumentos que não tínhamos visto ainda. Começámos por ir ao Palácio Nacional, mas vimos que estava fechado por ser domingo. Não planeámos muito bem o nosso fim de semana para sermos honestos. Na nossa ideia, sábado era dia para ver a prisão e o killing field e domingo era o dia para ir ao palácio. Não estávamos mesmo a contar que estivesse fechado, e este foi o nosso último dia na cidade.

Mas fomos a um templo e a alguns monumentos nacionais. Acabámos a tarde a ir ao museu nacional, que e sobre a historia mais antiga do Camboja.

No final, fomos relaxar um pouco para um bar onde aproveitámos promoção da cerveja Angkor.

Este foi o nosso fim de semana em Phnom Penh, apesar de estarmos mesmo satisfeitos com a nossa viagem, este foi o local que nos custou um pouco mais a absorver. Não só pela história, mas também pela pobreza e sujidade da cidade. Sentimo-nos assim porque já começámos a estar ansiosos com o nosso regresso a Portugal. Já faz um ano que não vamos ao nosso país e temos mesmo muitas saudades. Por isso, apesar de estarmos a gostar da viagem, estamos um pouco com vontade que ela termine para podermos ver a nossa família, amigos e claro comer a nossa comida deliciosa.

Ainda de acrescentar a título de curiosidade que a maior parte das trocas comerciais se faz em dólares americanos, usando apenas a moeda local de forma esporádica ou para dar conta certa quando se fala em valores em falta de menos de 1 dólar. O facto de usarem maioritariamente o dólar americano pode ser uma das razoes para as grandes desigualdades sociais que aqui existem. Apesar da pobreza extrema que se vê nas ruas, falta de condições de saneamento e de higiene, os preços praticados nos restaurantes e supermercados são os mais caros que encontrámos na nossa viagem, sendo igualmente ou ate mais caros do que os preços praticados em Portugal.

A próxima paragem será em Siem Riep (8 horas de viagem de camioneta) para vermos o famoso Angkor Wat, que nos irá consumir dois dias completos, nos quais iremos estar pela cidade, o que poderá não ser suficiente pois há mesmo quem afirme que 3 dias para visitar a atracão turística não é demais.

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Author: admin

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